13 de novembro de 2025 – 18:25
Texto e fotos: Larissa Freitas – Ascom Seas
No coração do Cariri, onde cada pedra guarda histórias e a cultura pulsa, o Teatro do Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo vibrou em festa. Mais de 150 pessoas lotaram o espaço, nesta terça-feira (11), para assistir à força criativa de cerca de 20 jovens do sistema socioeducativo durante o Festival CRIA – Cultura, Regionalidade, Intervenção e Arte. O evento, promovido pela Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas), em parceria com a Associação Vida para Todos (AVPT) e com apoio do Centro Cultural do Cariri, celebrou a arte, a regionalidade e a transformação social, propondo um diálogo entre criação, formação e fruição cultural.
Em cena, jovens em cumprimento de medidas socioeducativas dividiram o palco com artistas da região, mostrando que, no Cariri, a arte é uma língua que todos entendem, fala de resistência, de afeto e de futuro. Na plateia, acompanharam as apresentações o superintendente da Seas, Roberto Bassan; a secretária da Juventude, Adelita Monteiro; o representante do Eixo de Arte, Cultura e Lazer da Seas e idealizador do evento, Eduardo Ferreira; o assistente técnico da Assessoria de Diretrizes Socioeducativas, Frans Beno; a representante da AVPPT, Alyne Alencar; o gerente de Ação Cultural do Centro Cultural do Cariri, Gabriel Campos; e a defensora pública de Juazeiro do Norte, Nadinne Callou.
No palco
A programação teve início com o espetáculo “A Biblioteca de Madalena”, da Companhia de Teatro Ser Tão Menino, do Centro Socioeducativo Padre Cícero. A montagem recontou a trajetória de Madalena Caramuru, considerada a primeira mulher indígena alfabetizada do Brasil. Entrelaçando história, poesia e memória, a peça convidou o público a refletir sobre o poder da leitura e da educação como caminhos de libertação e consciência. Em seguida, o desfile “Mistérios do Menino Bicho”, também do Centro Socioeducativo Padre Cícero, transformou o palco em um cortejo místico. Inspirado nas lendas e tradições do Cariri, o espetáculo resgatou narrativas populares como o lobisomem de Nova Olinda e os mistérios da Pedra da Batateira, misturando o sagrado e o profano, o real e o imaginário. Figurinos confeccionados com materiais reaproveitados e pigmentos naturais deram corpo à beleza viva do folclore regional e à força da criação coletiva.
Logo depois, o projeto “Além do Horizonte – Sons que Transformam”, desenvolvido pelos Centros Socioeducativos José Bezerra de Menezes e de Semiliberdade de Juazeiro do Norte, levou música ao jardim do Centro Cultural. A banda, formada pelos próprios adolescentes, apresentou canções que iam de Marília Mendonça a Raul Seixas, passando por Amelinha e Luiz Fidelis. Encerrando a programação, a Companhia de Teatro Casa dos Pássaros Dourados, do Centro de Semiliberdade de Juazeiro do Norte, apresentou “Vozes: O Grito Tecnológico da Transformação”. Com o uso de projeções, iluminação interativa e efeitos visuais, o espetáculo uniu arte e tecnologia em uma reflexão sobre desigualdade, preconceito e inclusão.
Para o superintendente da Seas, Roberto Bassan, a realização do festival carrega um significado especial. “Realizar o Festival CRIA em Juazeiro do Norte, um lugar que respira arte, é muito simbólico. Representa a descentralização das ações da Seas e a valorização dos talentos que florescem em todo o Estado”, afirmou. O superintendente destacou ainda que o evento deve integrar, a partir de agora, a agenda anual da instituição.
O Festival CRIA reafirmou o Cariri como território fértil de criação, onde tradição e invenção se entrelaçam. No palco e fora dele, um sentimento coletivo: quando a arte se manifesta, o mundo, por um instante, se torna mais possível.