Arteterapia transforma rotina de pessoas com múltiplas deficiências abrigadas nas Residências Inclusivas do Ceará







13 de março de 2025 – 18:09
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Sheyla Castelo Branco – Ascom SPS – Texto

Mariana Parente – Ascom SPS – Fotos


Coisas simples como pentear o cabelo ou estabelecer uma conversa com outra pessoa pode ser um desafio diário para os 80 jovens e adultos com deficiências neurológicas e transtornos psiquiátricos abrigados nas seis residências inclusivas coordenadas pela Secretaria da Proteção Social (SPS) no Estado do Ceará. Para incluí-los na vida em comunidade e ajudá-los a explorar seu potencial, a SPS adotou a arteterapia. Com aulas de teatro, pintura e brincadeiras com materiais recicláveis são desenvolvidas atividades psicomotoras com o grupo.

Targino de Souza, 25, mostra de forma tímida seus desenhos. O jovem que também participa do grupo de teatro das Residências inclusivas é criativo e gosta de pintar. Foi daí que surgiu o convite de Oda para que ele criasse araras de papelão para compor o figurino do grupo. Targino criou uma diversidade de araras para que todos os colegas pudessem ter seu próprio figurino. “Gosto muito de ajudar a Oda e de participar dos ensaios. Esse grupo me ajuda a ser mais comunicativo”, conta Targino.

Romero da Silva, 22, fala orgulhoso sobre as aulas de teatro. “Eu gosto de fazer parte do teatro porque sempre aprendo algo novo com Oda e com meus amigos”, conta Romero, um dos alunos mais assíduos e comprometidos. Oda explica que Romero era muito tímido, mas foi se desenvolvendo ao longo das aulas de forma tão bonita que hoje propõe temas para rodas de conversas entre o grupo e para o teatro. “Eu fico emocionada de ver o quanto ele evoluiu e hoje consegue se comunicar sem timidez, ele se apresenta com tanto orgulho. Sempre que apresentamos uma peça nova vejo os olhinhos dele brilhando de alegria por estar ali”, explica Oda Araújo, pedagoga que há mais de dez anos conduz as aulas de arteterapia.

As aulas de arte que eles participam acontecem durante a semana na sede da Associação dos Moradores do Conjunto Tancredo Neves (AMCTN), entidade parceira na administração das residências. “É muito gratificante ver o quanto eles vêm evoluindo através das atividades que desenvolvemos, do teatro. Fico emocionada sempre que vejo eles se apresentando com tanta alegria para o público, seja para a comunidade do Tancredo Neves ou nas unidades da própria SPS. Ver o brilho nos olhos deles me dá a certeza que estamos no caminho certo”, reforça Oda.

Psicóloga e assessora técnica da Célula de Atenção à Alta Complexidade, Lucita Matos pontua que essas atividades são para que os jovens e adultos das residências inclusivas possam fortalecer seu desenvolvimento e estabelecer conexões sociais. “Estamos trabalhando a socialização deles em espaços comunitários para que não fiquem apenas no ambiente da residência, mas tenham a oportunidade do convívio com outras pessoas fora das residências e também de serem vistos, apresentarem o que eles produzem e o que vêm aprendendo na aulas”, frisa Lucita.

O secretário-executivo da Proteção Social, Ecildo Filho, destaca que a arteterapia é imprescindível para recuperar a autoestima e estimular a autonomia dos residentes. “Nossos acolhidos têm muitos comprometimentos, físicos e psicológicos, e nosso maior desafio é estimular as potencialidades de cada um, a partir de atividades simples e cotidianas como ajudar na arrumação da casa deles e também através da psicoterapia que vem mostrando resultados muito positivos”, pontua Ecildo Filho.
As seis residências inclusivas são casas que contam, cada uma, com equipe multidisciplinar composta por médico psiquiatra, assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional, enfermeiros, pedagoga, trabalhadores domésticos e cuidadores em regime de plantão.