6 de março de 2025 – 10:30
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Ascom SPS – Texto
Mariana Parente – Fotos
No tatame da Vila Social Canindezinho, a pequena Ana Mayara, de oito anos de idade, observa e repete com atenção os movimentos ensinados nas aulas de Jiu-jitsu. Ela é uma criança autista que, entre golpes e risadas partilhadas, vem aprendendo não apenas as bases do esporte, mas também da amizade e das possibilidades para si mesma. A turma conta com 60 alunos, destes são 17 crianças autistas que têm encontrado no esporte formas de lidar com dificuldades do desenvolvimento de crianças neurodivergentes.
Mãe de Mayara, Akali Swan (25) explica que a filha participa da atividade desde agosto de 2024, e que o esporte foi um divisor de águas na sua rotina e temperamento. “Ela estudava pela manhã e passava a tarde inteira no celular. Aí eu decidi tomar uma atitude. Tentei na Capoeira, ela não se adaptou, tentei no Balé, no Karatê, mas ela também não se adaptou. Mas com o Jiu-jitsu ela foi gostando, tanto que hoje ela mexe pouco no celular, está se alimentando melhor, não tem mais tantas crises de estresse, a paciência dela melhorou muito. Foi só benefício aqui para ela”, afirma.
Professor de Jiu-jitsu na Vila, Samuel Furtado explica que as turmas da modalidade kids, para crianças entre seis e doze anos de idade, contam hoje com 60 alunos. No total, 130 alunos participam da modalidade. “O jiu-jitsu para crianças autistas é muito bacana, porque ensina as crianças a manter um respeito uns com os outros. Por ser um esporte de contato, a gente tem que trabalhar muito a cabeça da criança, a confiança que ela pode fazer aquilo sem se machucar e sem machucar o amiguinho. No começo, a criança chega calada, triste, com vergonha, e ela vai aprender a se divertir, a criar uma amizade, uma confiança com os colegas e com o professor”, explica.
Além do jiu-jitsu, as Vilas Sociais também ofertam atividades de lazer, cultura e qualificação profissional. Entre as modalidades esportivas estão futebol, basquete, muay thai, voleibol e karatê.
Esporte e Inclusão
Coordenadora da unidade do Canindezinho, Jessica Vilberline aponta a inclusão como uma das prioridades do equipamento. “Através das modalidades que ofertamos, a Vila Social consegue atrair e desenvolver diversas habilidades nos mais distintos públicos e grupos. Temos também um suporte psicossocial, com psicólogos e assistentes sociais, levando esse atendimento de forma gratuita e acessível a todos que precisem”, afirma.
É também na turma de jiu-jitsu da Vila que Lívia Rodrigues, de oito anos, vem trabalhando a atenção e desenvolvendo habilidades enquanto brinca com outras crianças. Sua mãe, Silvanira Rodrigues (57), conta que o diagnóstico de autismo e TDAH veio cedo, aos três anos de idade. “Com três anos ela ainda não falava, começou a falar com cinco anos, mas desde os três ela faz terapia”, lembra.
“Antes da Vila, ela não fazia nenhuma atividade física, as crianças não tinham um espaço para interagir como esse. É um espaço para dispersar essa energia, porque quando ela sai do jiu-jitsu, já vai para os brinquedos do parquinho, brinca com crianças da idade dela. Ela também faz balé, então a gente só não vem quarta, mas o resto da semana estamos aqui”, completa.
Com diagnóstico de TEA, TDAH e TOD, Christian Martins, de seis anos, participou de sua primeira aula na última semana. “Eu estou achando muito legal. Já tinha pensado em fazer aula de Jiu-jitsu e hoje eu fiquei muito feliz. Até já conhecia alguns dos meninos da turma”, frisa.
Mãe de Christian, Beatriz Martins (24) explica que ele tem acompanhamento psicológico, neurológico e fonoaudiológico há mais de um ano, e o esporte vem para complementar nesse processo. “Foi no acompanhamento que me indicaram esportes de artes marciais, para poder estimular essa energia dele, gastar bastante e eu achei o jiu-jitsu bem bacana. Mostrei alguns vídeos para ele, ele gostou, e viemos fazer a experimental. Ter uma atividade como essa, aqui perto, é muito bom, principalmente para a gente da comunidade, que não tem tanto recurso para estar fazendo um pago”, ressalta.
Vagas abertas
As aulas de Jiu-Jitsu no Canindezinho dividem-se em diferentes turmas, de segunda a sexta-feira. As inscrições para as atividades são realizadas de forma presencial, na Vila Social (Av. Osório de Paiva, 6200, Canindezinho), das 8h às 17h. Os interessados devem apresentar documento de identificação oficial com foto, CPF e Comprovante de Residência.
Serviço
Vila Social Canindezinho
Endereço: Av. Osório de Paiva, 6200, Canindezinho, Fortaleza
Vila Social Genibaú
Endereço: Rua 30 de Maio, 44, Genibaú, Fortaleza
Vila Social Messejana
Endereço: Av. Washington Soares, 8130, Messejana, Fortaleza