Horta de presídio é esperança de ressocialização e fonte de alimentação a pessoas carentes – Portal do Governo de Mato Grosso do Sul

Em três hectares do Cento Penal Agroindustrial da Gameleira, presídio semiaberto masculino da capital de Mato Grosso do Sul, estão sendo cultivados legumes, hortaliças e frutas que, além de ser meio de ressocialização de detentos também ajuda a levar alimentação saudável a estudantes e pessoas carentes.

A Horta da Esperança é uma parceria entre o Governo do Estado, Tribunal de Justiça e Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), por meio da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), 2ª Vara de Execução Penal, e Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), respectivamente, além do apoio de empresas da área de horticultura.

Instalado desde março deste ano, com o início dos plantios, o espaço foi inaugurado, oficialmente, na quinta-feira (19), com a proposta de capacitar e ocupar produtivamente os reeducandos, ao mesmo tempo em parte da produção é destinada a atender escolas públicas e entidades beneficentes.

Toda a estrutura do local foi construída com dinheiro descontado pelo judiciário dos próprios internos, assim como ocorre com a reforma de escolas da Rede Estadual de Ensino.

Atualmente, oito reeducando trabalham na horta e recebem remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados, como estabelece a LEP (Lei de Execução Penal), além de remuneração de um salário mínimo.

Entre os trabalhadores, está o interno Ney Calixto Ribeiro, cuja atuação na horta alimentou o sonho de ampliar seu conhecimento e cursar faculdade de Agronomia. Esse trabalho aqui é uma oportunidade de recomeçar, ocupar a sua mente. Meu objetivo para o futuro é ter uma profissão e cuidar da minha família, ser aceito pela sociedade”, disse.

Até o momento, a Horta da Esperança já produziu 10 toneladas de hortaliças, legumes e frutas que foram vendidas para a empresa fornecedora das refeições ao presídio, como meio de ser autossustentável. Outras cerca de duas toneladas de alimentos foram doadas para as escolas reformadas pelo projeto “Revitalizando a Educação com Liberdade” e gradativamente chegarão a entidades beneficentes.

Segundo o juiz Albino Coimbra Neto, idealizador do projeto, a unidade penal tem potencial de se transformar em um dos maiores doadores de alimentos do país.  “Metade do que é produzido será doado, como já se faz com a Padaria da Liberdade, que funciona no presídio e que já doou mais de 400 mil pães”, informou.

“Agora com a horta, que terá produção o ano inteiro de legumes, verduras e frutas destinados à doação para a população carente de Campo Grande”, complementou.

A horta é apenas uma das várias frentes de ressocialização do regime semiaberto de Campo Grande. De acordo com o diretor do presídio, Adiel Barbosa, atualmente cerca 90% dos reeducandos trabalham na unidade em oficinas instaladas intramuros ou em parcerias com empresas externas.

“O trabalho reflete diretamente na boa disciplina na unidade, também é um meio de prepara-los para o  retorno à sociedade e temos investido muito nisso”, destacou.

Apoio Técnico

Durante o dia de campo e inauguração oficial da Horta da Esperança, o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, explicou que a equipe do Senar destinada a dar assistência técnica na Horta da Esperança está atuando desde a primeira fase de implantação projeto, com a correção do solo antes mesmo dos primeiros plantios, e, a partir de estudos, está direcionando quais variedades são plantadas no local e também o escalonamento da produção.

“Estamos compartilhando nossa experiência com os internos que estão aprendendo uma nova função, para que, quando eles saírem, possam ter uma nova visão e consigam conquistar uma vida melhor. Desde a primeira conversa com o juiz Albino, quando ele apresentou a ideia, nos prontificamos a ser parceiro. Acredito que a mudança ocorre quando as instituições se unem para fazer melhor a vida do cidadão que precisa mudar de situação e é isso que estamos fazendo aqui”, afirmou Bertoni.

O chefe de Gabinete da Agepen, luiz Rafael de Melo Alves representou a presidência da instituição na inauguração oficial da Horta da Esperança. Também estiveram presentes o desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques que é coordenador da COVEP/GFM/MS; a promotora Jiskia Sandri Trentin, os defensores públicos Cahuê Duarte e Urdiales e Thales Chalub Serqueira, o presidente do Conselho da Comunidade de Campo Grande, Nereu Rios, entre outros.

Comunicação Agepen

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