Saúde Ceará incrementa número de mamografias realizadas e amplia chances de diagnóstico precoce de câncer de mama







2 de outubro de 2025 – 10:38
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Marcela Belchior e Thiago Andrade – Ascom Sesa – Texto

Thiago Andrade – Foto


Incremento no número de exames de rastreamento representa mais chances de detecção precoce do câncer de mama

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) registrou um incremento de 13% no número de exames de mamografia realizados no primeiro semestre de 2025 em relação ao primeiro semestre do ano passado, saltando de 43 mil para 48,8 mil exames realizados. No contexto da prevenção diagnóstica do câncer de mama, o aumento representa um maior nível de rastreamento para a detecção precoce de sinais da doença e outras anomalias no tecido mamário, ampliando as chances de um tratamento bem-sucedido e de cura.

Neste Outubro Rosa, mês dedicado à mobilização e ao controle do câncer de mama, o objetivo da Secretaria é promover o acesso ao exame e incentivar que mais mulheres realizem a prevenção. De acordo com Rianna Nobre, coordenadora de Atenção Especializada e Redes de Atenção à Saúde da Sesa, os dados representam um esforço coletivo entre a Secretaria da Saúde e a Secretaria das Mulheres, além da parceria dos Municípios e todas as unidades de Saúde que integram a Rede.

“A mamografia é o padrão-ouro para o rastreamento do câncer de mama. Isso representa a mobilização do Poder Público, com o resultado na busca ativa das mulheres, a partir do acesso e da oportunidade de rastrear e ter o diagnóstico da forma mais precoce possível. O principal objetivo é salvar vidas”, afirma a gestora.

Diante do aumento no número de mamografias realizadas no Ceará e da perspectiva de se ampliar ainda mais esse resultado, a coordenadora destaca a importância de se vencer alguns desafios e sensibilizar todos os atores envolvidos no propósito de prevenir o câncer de mama.

“Primeiro, a importância de a mulher vencer o medo do exame, do diagnóstico e o estigma da doença. Segundo, é o papel da Atenção Primária identificar e mobilizar todas as mulheres prioritárias para realizar esse exame, que são aquelas com idade entre 50 e 69 anos”, indica a gestora.

“O terceiro desafio é o acesso ao exame. Embora tenhamos mamógrafos suficientes, precisamos vencer o absenteísmo: as mulheres que são agendadas e que não comparecem, por inúmeros motivos”, aponta Nobre.

O diagnóstico precoce pode impedir danos maiores causados pela doença

De outubro a outubro rosa

Desde 2024, a Secretaria promove a campanha “De outubro a outubro rosa”, com o objetivo de falar sobre autocuidado o ano inteiro e estimular a realização dos exames necessários, além de desmistificar as questões com relação à mamografia. Dentre as mais recentes ações desenvolvidas, a partir de setembro deste ano, a Sesa passou a enviar mensagens por meio de celular à população feminina com o lembrete para realizar exames de mamografia.

O contato tem sido endereçado às mulheres na faixa etária entre 50 e 69 anos que estejam incluídas nos sistemas de cadastro da Saúde do Estado e busca incentivar a realização dessa prática de prevenção, conforme recomenda o Ministério da Saúde. Desde então, 57,1 mil contatos por mensagem foram feitos, sendo 28,4 mil entregues e 21,5 mil lidos, somando uma taxa de leitura de 76% entre o público.

Leia mais: Em ação de prevenção ao câncer de mama, Saúde do Ceará envia mensagens às mulheres para incentivar exame de mamografia

Detecção precoce pode favorecer tratamento

A vendedora Simone Abreu, 52, realizou sua primeira mamografia em agosto deste ano. A paciente mora em Fortaleza e costuma ir pelo menos uma vez ao ano ao posto de saúde mais perto de casa, no bairro Quintino Cunha. Ela conta que, no exame clínico mais recente, a médica do posto, mesmo sem encontrar alterações na mama de Simone, solicitou a realização de uma mamografia e a vendedora foi encaminhada para o Instituto de Prevenção do Câncer (IPC), unidade da Rede Sesa.

“Já tinha feito o ultrassom da mama e o ultrassom transvaginal. Mamografia foi a primeira vez. Teve quem me dissesse, ‘mulher, não faz, dói demais’. Pois eu vim, fiz e não achei nada demais. Além disso, todo exame que a médica passa para prevenir é importante, porque, se for para descobrir, tem que descobrir e tratar logo”, afirma a vendedora. “Hoje peguei o resultado e vou levar de volta para a médica do posto analisar”.

O comentário de Simone descreve o que se costuma chamar diagnóstico precoce: alterações na mama devem preferencialmente ser investigadas quanto antes. O câncer de mama é o mais frequente nas mulheres do Brasil e do mundo e, se descoberto em fase inicial, tem chances de cura que chegam a 95%.

A paciente Simone Abreu realizou sua primeira mamografia em agosto deste ano

Para a detecção precoce do câncer de mama, o Ministério da Saúde recomenda exames clínicos regulares a partir dos 40 anos de idade e o exame de mamografia a partir da faixa etária dos 50 anos. Esse é o motivo por que Simone foi encaminhada ao IPC para realizar a mamografia, mesmo sem haver sinal algum de alterações nas mamas dela.

“A mamografia é exame indicado para rastrear, para procurar o câncer bem pequenininho. Ela nos permite ver o câncer quando ele está na forma de microcalcificações, quando nem se formou um nódulo ainda”, descreve a médica Lina Araújo, mastologista do IPC.

A profissional explica que a mamografia não previne o câncer de mama, mas serve para a obtenção do diagnóstico precoce e para impedir danos maiores causados pela doença. “Com a mamografia, a mortalidade do câncer de mama é reduzida em cerca de 30%. É o que a gente chama de prevenção secundária, ou seja, não impede o câncer, mas impede danos maiores ou tratamentos mais agressivos: a depender do caso, evita-se um tratamento de quimioterapia ou a retirada total das mamas”, afirma a médica do IPC.

Prevenção para além do exame

Os cuidados com a mama vão muito além da ida anual ao médico ginecologista ou mastologista. Fazer exames permite o diagnóstico precoce, mas uma boa ideia também é buscar meios de evitar que as doenças surjam, em primeiro lugar.

“O câncer de mama, por exemplo, é uma condição que combina fatores genéticos e fatores ambientais. Como não podemos vencer a genética, devemos fazer o esforço para mudar aquilo que está ao nosso alcance, que são os fatores ambientais. Agora, sim, estamos falando de prevenção primária”, explica Lina. A mastologista exemplifica: “Manter uma boa alimentação, fazer exercícios físicos, evitar sobrepeso e obesidade, evitar bebidas alcoólicas, não fumar, todas essas são maneiras de prevenir o câncer de mama”.

Ao enfatizar o quanto a prática de uma atividade física é importante, a mastologista menciona estudo feito por instituições brasileiras e americanas que constatou que 12% das mortes causadas pelo câncer de mama no Brasil poderiam ser evitadas caso as mulheres praticassem atividades físicas regularmente.

“Combinados, obesidade e sedentarismo são responsáveis por 20% dos casos de câncer de mama, 50% dos cânceres de endométrio e 25% dos tumores de intestino”, afirma. “Uma simples caminhada diária pode ajudar a reduzir o risco de câncer de mama. Exercícios mais intensos podem diminuir esse risco em cerca de 25%”, declara a médica.

“Não é pouca coisa. Em outras palavras: uma em cada dez vítimas do câncer de mama poderia ter a vida poupada se praticasse atividade física ou ao menos uma caminhada de trinta minutos por dia”, afirma a mastologista do IPC.