
Brasília. A colaboração entre o Grupo Odebrecht e a Lava Jato está na reta final. Previsto para ser firmado ainda neste mês, o maior acordo já feito pela operação – 53 executivos negociam delação e 32 depõem como lenientes (colaboradores a quem não são imputados crimes) – terá nova logística para evitar vazamentos e permitir o envio para homologação do ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal, antes do recesso (20 de dezembro).
A Procuradoria-Geral da República informou aos advogados do grupo as penas a serem impostas e, agora, aguarda a resposta das defesas com os depoimentos já tomados. Depois, cada colaborador será ouvido pelos procuradores apenas para confirmar o teor do depoimento entregue por seu advogado.
‘Departamento de propina’
Embora fosse alvo dos investigadores desde 2014, quando citada pelos delatores da Lava-Jato – o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa -, a Odebrecht recebeu o primeiro golpe com a prisão do ex-presidente Marcelo Odebrecht (junho de2015). Em março último, a Suíça liberou o envio da quebra de sigilo das contas do grupo mantidas no país europeu.
Meses depois, as fases Xepa e Acarajé, da Lava Jato, descobriram o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – segundo a força-tarefa da operação, um “departamento de propina”. Além desse setor, também foram identificados offshores usadas pela maior empreiteira da América Latina para camuflar repasses no exterior e um banco adquirido para movimentar dinheiro proveniente do sistema financeiro paralelo.
Mas a palavra final era de Marcelo Odebrecht, herdeiro do patriarca Emílio Odebrecht.
Estrutura
O Estado mapeou cargos e as áreas de atuação de executivos que negociam colaboração premiada com a PGR. Além do núcleo mais próximo à família Odebrecht, são funcionários que vão de presidentes de empresas e diretores de áreas de negócio a secretarias da Construtora Norberto Odebrecht, Odebrecht Ambiental, Odebrecht Óleo e Gás, Odebrecht Realizações Imobiliárias, Odebrecht Defesa e Tecnologia, Braskem além de braços internacionais da empresa.
Dos 53 executivos que negociam delação, ao menos sete são ligados à cúpula do grupo, três deles ex-presidentes da holding: Emílio Odebrecht, atual presidente do Conselho de Administração, Marcelo Odebrecht e Pedro Novis. A lista inclui ainda dois ex-presidentes da Braskem, 14 diretores executivos e 30 diretores ou ex-diretores.
Alcance
Além das bilionárias obras da Petrobras, a Odebrecht é alvo de investigação em outros 38 contratos espalhados pelo Brasil com União, Estados e municípios. Há casos delatados anteriores a 2002, o que significa que não ficam circunscritos apenas a épocas em que o PT ocupou o governo federal.
Marcelo Odebrecht permanece atrás das grades. Ele cumprirá dez anos de prisão, subdividida em quatro períodos de dois anos e meio. O primeiro no regime fechado, depois o semiaberto, seguido da prisão domiciliar e, enfim, do regime aberto.
Diário do Nordeste